7 de agosto de 2014
Bloco A
Desisto de encontrar a chave. Tudo que carrego está sobre poucos metros quadrados. Papéis, moedas, cartões arranhados, manteiga de cacau. A chave não aparece e a bolsa do avesso mimetiza a cena do assalto. São três horas da manhã. Nem duas, quando poderia pedir ajuda, nem quatro, quando poderia me conformar. São três. Sentada no último degrau encosto a cabeça na parede de salpico, esquecida para fora sem saber se alguém espia pelo olho mágico. Tão inerte que a lâmpada se apaga. Poderia refazer o caminho por onde vim, varrer o cimento e a grama, mas é pouco provável que encontre a chave. A essa altura alguém a levou para uma coleção particular. Um jarro de vidro com uma centena de chaves e novos desabrigados. Às três horas da manhã, fico onde ninguém fica – no corredor sombrio, ponto de passagem que se abre para o crime no intervalo entre dois lances de escada.
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