1 de julho de 2014
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Quando deixei a torre foi como irromper no meio do oceano pela brecha de uma escotilha, onde sair era também fazer a água entrar, correndo o risco de ser arrastada por ela. Na torre a inundação era total, em todas as direções, semelhante a uma avalanche que produz fogo e fumaça ao desabar. Depois de sair, não lembro se degrau por degrau ou de um único salto, deparei com o pátio subitamente pequeno e mal planejado. O concreto da pista em vias de derreter. Havia labaredas, sirenes, corpos sem vida. O alarme do computador soava misturado a uma voz mecânica que repetia comandos a ninguém. Dois homens de capuz passaram e o rastro da fuligem ergueu uma tempestade, alterando drasticamente a paisagem. Metais se contorciam dentro das chamas. E o som da estática se fundia às sirenes e à água. O chiado do rádio sem resposta. Uma fileira de sacos plásticos pretos e eu desejando que me levassem também. Me coloquem ali, me incluam na contagem.
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