Tilintar de louça, aspirador de pó.
Um bebê chora alto, grita, esfola a garganta nova em folha enquanto
a mãe chacoalha o embrulho no colo, provocando sensação de abalo
sísmico. O apartamento no terceiro andar começa a ceder. Chega até
aqui o cheiro de cigarro e amaciante da sacada onde alguém estende a
roupa branca depois de onze dias de chuva. Um carro amarelo surge na
esquina e para em frente ao terreno baldio. No terceiro andar, o
homem aparece à caça do sinal do telefone. Lá dentro, drinks de
frutas e canapés. Um casal de promotores decide o futuro do terreno
baldio onde o carro amarelo amassa a vegetação. A rua continua
morro acima, alternando pavimentos de asfalto, lajota e pedras. Vai se estreitando até virar uma trilha bifurcada. De um lado, a casa da
bruxa; de outro, o pote de manteiga boiando nas primeiras ondas. Fim
da linha, diz o motorista e um braço fica preso na porta. O suco
escorre da mochila da garota de uniforme e tênis ortopédico. No
terreno baldio, algumas crianças competem pelo melhor graveto
enquanto a professora enumera acidentes geográficos.
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