12 de outubro de 2014

Quarta tentativa de refazer um percurso aleatório

Aos poucos a imagem arrefece. O movimento dos carros agora é o movimento de sempre. A ordem, o tamanho, as cores dos automóveis não significam nada. Assim como as letras pintadas no viaduto. Atravesso a passarela com displicência, um pouco incomodada pelo fato de que é domingo e a cidade se espalha em uma longa sequência de bifurcações. Alguns semáforos não funcionam. Outros acendem para o nada. Enquanto caminho, esqueço a paisagem. Por isso aos poucos a imagem arrefece. Os detalhes se apagam no fundo da gaveta como letras impressas em papel térmico. Não sei em qual país. Alguém sai do estacionamento em direção à festa. É a mesma festa de antes. A pessoa aparece na porta com dois copos na mão. Faz muito frio. Todas as cenas atreladas a uma temperatura. Os casacos evitam o choque. A mesma pessoa acena de longe, depois se aproxima. Penso em ir embora. Faz muito frio.

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